O que acontece em uma sessão de hipnoterapia na prática

Talvez você já tenha sentido vontade de fazer hipnoterapia, mas foi paralisada por dúvidas como
“E se eu perder o controle”
“Será que vou ficar inconsciente”
“Será que vão me fazer falar coisas que não quero”

Esses medos são muito comuns. Ao mesmo tempo, uma parte sua sente que existe algo na hipnoterapia que pode ajudar a ir mais fundo nas suas emoções, curar feridas antigas, aliviar ansiedade, tristeza, traumas e bloqueios que parecem sempre voltar.

Este post foi escrito para tirar o véu de mistério em torno da hipnoterapia e mostrar, passo a passo, o que realmente acontece dentro de uma sessão. Assim, você pode decidir com mais segurança se esse tipo de terapia faz sentido para o momento que está vivendo.

Antes de tudo: o que é hipnoterapia de forma simples

Hipnoterapia é uma forma de terapia em que utilizamos um estado de foco e relaxamento para acessar conteúdos internos de maneira mais profunda.

Esse estado de foco não é sono e não é perda de consciência. É parecido com momentos do dia em que você está muito envolvida em um filme, em um livro ou até em uma lembrança. Você está ali, presente, mas a atenção está voltada para dentro.

Na hipnoterapia, esse estado é usado de forma intencional para:

  • facilitar o acesso a memórias importantes
  • entrar em contato com emoções guardadas
  • trabalhar crenças sobre si e sobre a vida
  • instalar recursos internos de calma, segurança e confiança

A hipnoterapia não substitui a terapia em conversa. Ela é uma forma de terapia que pode caminhar junto com o processo de fala, tornando mais profundo e mais integrado o seu caminho de cura emocional.

Passo a passo de uma sessão de hipnoterapia

Cada profissional tem seu estilo, mas existe um fluxo básico que costuma se repetir. Vou descrever um passo a passo para você entender melhor como funciona na prática.

1. Acolhimento e escuta inicial

A sessão não começa com você fechando os olhos. Antes de qualquer coisa, há uma conversa.

Neste momento, você fala sobre:

  • o que está trazendo você até ali
  • como tem se sentido
  • quais sintomas ou situações estão te incomodando
  • o que você espera da hipnoterapia

Do outro lado, a terapeuta está ouvindo com atenção, fazendo perguntas, conectando pontos da sua história. Essa parte já faz parte da terapia e é essencial para que o processo seja personalizado, respeitoso e seguro.

2. Definição de foco terapêutico

Não é comum trabalhar “tudo de uma vez”. Em hipnoterapia, o ideal é escolher um foco por sessão, por exemplo:

  • ansiedade que piora à noite
  • dificuldade de dizer não
  • medo de abandono em relacionamentos
  • tristeza profunda que não passa
  • sintoma físico que parece ter ligação emocional

Juntas, você e a terapeuta definem o que será trabalhado naquele encontro. Isso dá direção à sessão e evita que você se sinta perdida ou confusa durante o processo.

3. Explicação clara do que vai acontecer

Antes de começar a parte prática da hipnoterapia, a terapeuta explica:

  • como funciona o estado de foco e relaxamento
  • o papel da sua imaginação
  • o que você pode sentir durante o processo
  • como é o retorno ao estado normal de vigília

Este também é o momento de tirar dúvidas, falar medos e alinhar expectativas. Quanto mais você entende o que está acontecendo, mais tranquila e segura se sente.

4. Preparação do ambiente e do corpo

Em seguida, começa a parte prática. Você normalmente se senta ou se deita em uma posição confortável. O ambiente é ajustado para facilitar o relaxamento:

  • luz mais suave
  • ruídos minimizados
  • temperatura agradável

A ideia não é “hipnotizar” você de repente, e sim ir conduzindo o corpo e a mente para um estado de maior tranquilidade e receptividade.

5. Indução do estado de foco e relaxamento

Nesta etapa, a terapeuta conduz você com a voz. Pode usar:

  • sugestões de relaxamento corporal
  • instruções para prestar atenção na respiração
  • imagens mentais agradáveis, como caminhar em um lugar seguro

Aos poucos, o corpo vai soltando tensões, a mente consciente vai ficando menos “tagarela” e você entra em um estado de atenção interna.

Você continua ouvindo tudo. Se quiser se mexer, consegue. Se quiser abrir os olhos, pode. A diferença é que agora sua atenção está muito mais voltada para dentro, o que facilita o trabalho terapêutico.

6. Fase terapêutica da hipnoterapia

Com o estado de foco estabelecido, começa a parte central da hipnoterapia. Aqui, dependendo do objetivo da sessão, podem acontecer várias coisas, por exemplo:

  • acessar uma lembrança significativa que está ligada ao sintoma atual
  • trabalhar uma emoção que não pôde ser expressa no passado
  • revisar situações em que você se sentiu rejeitada, humilhada, abandonada ou desvalorizada
  • transformar a forma como você enxerga a si mesma nessas cenas
  • instalar novas percepções internas sobre seu valor, sua capacidade e sua segurança

Tudo isso é feito com orientação da terapeuta, sempre respeitando os limites do que você consegue lidar naquele momento.

Você não é apenas “espectadora” da cena. Muitas vezes, dentro da hipnoterapia, você passa a responder, tomar novas atitudes, se proteger simbolicamente, acolher a si mesma em versões mais jovens e vulneráveis.

É um processo profundo de terapia, em que você começa a ressignificar por dentro experiências que antes pareciam apenas feridas abertas.

7. Encerramento da experiência e retorno

Depois do trabalho terapêutico, a terapeuta começa a conduzir você de volta, fortalecendo sensações de:

  • presença
  • segurança
  • calma
  • conexão com o corpo

Ela pode convidar você a perceber a respiração, os pés, as mãos, a superfície onde está apoiada.

Você volta ao estado de vigília sentindo-se desperta, consciente. Algumas pessoas relatam leveza, cansaço bom, vontade de chorar, sensação de alívio ou de estar mais inteiras. Tudo isso é bem vindo e faz parte do processo.

8. Conversa após a hipnoterapia

Depois do retorno, há mais um momento de conversa.

Aqui, vamos falar sobre:

  • comentar o que aconteceu na sessão
  • registrar insights importantes
  • acolher emoções que ainda estejam afloradas
  • orientar como você pode se cuidar nas próximas horas

Essa parte integra o que foi vivido, traz clareza e ajuda você a perceber que não foi “algo mágico”, e sim um processo terapêutico profundo e estruturado.

O que você sente durante uma sessão de hipnoterapia

Cada pessoa é única, mas existem alguns relatos comuns:

  • sensação de relaxamento profundo
  • consciência do ambiente, mas com atenção mais voltada para dentro
  • imagens, lembranças ou pensamentos que surgem com mais facilidade
  • mudança de percepção do tempo, que parece passar mais rápido
  • vontade de chorar, sorrir, suspirar, respirar diferente

E o que você não sente, apesar dos mitos:

  • você não fica inconsciente
  • você não perde o controle
  • você não é obrigada a falar ou reviver algo que realmente não queira
  • você não “apaga” e depois acorda sem saber o que aconteceu

Na hipnoterapia você participa o tempo inteiro da sessão. O objetivo é te devolver poder sobre a sua história, e não tirar.

Mitos e verdades sobre hipnoterapia

Vamos desfazer alguns mitos muito comuns.

  1. “Na hipnoterapia podem me fazer fazer coisas contra a minha vontade”
    Em um processo terapêutico sério, com ética, isso simplesmente não acontece. Você está consciente, consegue discernir e pode interromper a qualquer momento.
  2. “Hipnoterapia é igual ao que eu vejo em show de palco”
    Aquilo é entretenimento. A hipnoterapia é terapia. É um trabalho delicado, individual, centrado nas suas necessidades emocionais, feito em ambiente seguro.
  3. “Só pessoas fracas ou sugestionáveis são hipnotizadas”
    Na verdade, hipnoterapia funciona muito bem com pessoas que conseguem focar e se envolver, mesmo que sejam racionais e controladoras. Aliás, muitas vezes são justamente essas pessoas que mais se beneficiam.
  4. “Se eu fizer hipnoterapia, vão mexer na minha mente”
    O objetivo não é “mexer” em você, mas ajudá-la a compreender, curar e reorganizar partes internas que já estão aí e que precisam de cuidado.

Para quais questões a hipnoterapia pode ajudar

A hipnoterapia não é uma solução mágica para tudo, mas pode ser muito útil em diversos temas, principalmente quando combinada com terapia em conversa. Alguns exemplos:

  • ansiedade em diferentes formas, inclusive ansiedade noturna
  • tristeza profunda e quadros depressivos
  • consequências emocionais de relacionamentos tóxicos e abusivos
  • traumas emocionais antigos que continuam doendo
  • bloqueios emocionais que impedem você de avançar em alguma área da vida
  • sintomas emocionais ligados à menopausa, como irritabilidade, oscilação de humor, vazio, desânimo

Em todos esses casos, a hipnoterapia trabalha não só o que você sente hoje, mas também as memórias, crenças e experiências internas que sustentam esses padrões.

Como terapia e hipnoterapia se complementam

Terapia e hipnoterapia não competem. Elas se completam.

Na terapia em conversa, você:

  • fala sobre o que viveu e vive
  • organiza pensamentos
  • entende padrões
  • aprende novas formas de se posicionar na vida

Na hipnoterapia, você:

  • acessa emoções e lembranças com mais facilidade
  • ressignifica experiências em um nível mais profundo
  • fortalece recursos internos, como segurança e autoestima

Juntas, terapia e hipnoterapia criam um caminho de cura mais amplo, que atua tanto na compreensão racional quanto na transformação emocional profunda.

Como se preparar para a sua primeira sessão de hipnoterapia

Você não precisa saber “entrar em transe” nem ter nenhuma experiência anterior. Alguns cuidados simples podem ajudar:

  • escolher alguém com quem você se sinta genuinamente à vontade
  • chegar alguns minutos antes para se acalmar e se conectar com o ambiente
  • vestir roupas confortáveis
  • evitar chegar da correria direto para a sessão, sem nenhum minuto de pausa
  • ir com a mente aberta, sem esperar algo teatral, mas sim um processo terapêutico profundo

Se sentir medo, fale. Se estiver ansiosa, diga. O espaço da terapia está justamente aí para acolher tudo o que você está sentindo.

Se você sente curiosidade sobre hipnoterapia, mas também carrega medos, dúvidas e receios, isso é normal. Ao mesmo tempo, se existe uma parte sua que percebe que já tentou de tudo sozinha, que está cansada de repetir os mesmos padrões emocionais e que deseja uma mudança mais profunda, talvez este seja o próximo passo do seu processo de cura.

A terapia pode te ajudar a compreender sua história, suas dores e seus ciclos. A hipnoterapia pode aprofundar essa transformação, acessando emoções, memórias e crenças que precisam ser cuidadas para que você se sinta mais leve, segura e inteira.

Se sente que é o momento de viver essa experiência na prática, considere agendar uma sessão de terapia com hipnoterapia.

Vai ser um espaço seguro para você se conhecer em outro nível, aliviar o peso que carrega sozinha há tanto tempo e construir, de dentro para fora, uma nova forma de se relacionar com a sua mente, com o seu corpo e com a sua vida.